Piotr Kamler nasceu em Varsóvia em 1936, a sua formação artística passa pela Academia de Belas Artes de Varsóvia, e continua em França, nas Belas Artes de Paris. O Serviço de Pesquisa do RTF, liderado por Pierre Schaeffer, tem como missão apoiar autores que associem imagem e som. Esta ligação entre as artes tradicionais e as novas técnicas de comunicação abre-se como uma possibilidade para vários artistas plásticos. Piotr Kamler é um dos pioneiros do movimento, recorrendo às formas mais artesanais para realizar as suas obras. Kamler executa a sua obra da concepção ao acabamento, através do desenho, fotografia e montagem. O realizador procura materializar o seu mundo fantástico produzido por materiais profundos, cores e sombra. As suas personagens complexas e as ações e movimentos traduzem-se muitas vezes em delírio abstrato. A ligação de Kamler ao Departamento de Investigação da RTF, permite-lhe colaborar na investigação com as técnicas experimentais de composição da música concreta, com nomes como Bernard Parmegiani, Iannis Xenakis, François Bayle, Ivo Malec. O realizador conferiu à música um dos pilares da sua criação artística, numa abordagem próxima à sua investigação de animação.
O CINANIMA 2022 vai homenagear Piotr Kamler em retrospetiva na Sala António Gaio, no dia 7 de Novembro, pelas 16h30, com o seguinte programa:
Hiver (1964) – 9min30 – música de Vivaldi. Impressões plásticas inspiradas no “inverno” de Vivaldi. Tempestade de neve, luas dançantes, pingentes de gelo, cintilantes cristais prateados, madeiras congeladas.
La Planète Verte (1966) – 9min – música de Yvo Malec. Ao estilo da ficção científica, o filme é uma reportagem humorística sobre um planeta imaginário.
Le Trou (1968) – 2min20 – música de Robert Cohen Solal. As aventuras de um não-ser em busca de si mesmo.
L’Araignéléphant (1968) – 9min – música de Bernard Parmegiani. A jornada metafísica de um animal mítico cuja busca por si mesmo levou à fundação de uma grande família.
Le Labyrinthe (1970) – 11min50 – música de Bernard Parmegiani. A batalha do humano contra a sociedade ou aos fantasmas que o perseguem.
Coeur de secours – (1973) – 9 min – música de François Bayle. A história do amor desesperado de um palhaço lunar por uma jovem dentro de um relógio parado.
Le Pas (1975) – 7min – música de Bernard Parmegiani. A marcha infinita de um cubo composto por uma imensidão de folhas. Quando se destrói, para se recompor, dá-se a fuga coletiva por um tempo.
Une Mission Éphémère (1993) – 9min – música de Bernard Parmegiani. Sobre o fundo do céu surge uma esfera branca que parece explorar o universo. Surge um personagem que, como um mágico, dá vida à matéria.