Conheça o Júri de Seleção de Curtas-Metragens

Ao longo dos últimos meses, o Júri de Seleção do CINANIMA 2022 tem trabalhado afincadamente na visualização dos mais de 2.000 filmes já submetidos!
Hoje, damos a conhecer o júri de Seleção do Concurso de Curtas Metragens

CATARINA ROMANO

“O CINANIMA é um dos festivais que mais tem contribuído para o desenvolvimento do Cinema de Animação”

Estudou cinema de animação tradicional e de volumes no Centro de Imagem e Técnicas Narrativas da Fundação Calouste Gulbenkian, sob a orientação de Zepe e de Nuno Beato. Foi a partir daí que se estabeleceu uma relação que dura até hoje. Catarina Romano relembra que o cinema de animação enfrentou “momentos bastante complicados”. Considera que o Cinema de Animação português “tem vindo a desenvolver-se” e que a criação de certas condições permitiu que surjam cada vez mais autores na área. No entanto, a precariedade para os profissionais da área ainda é notória. Catarina Romano confessa que sente a “enorme responsabilidade” que lhe foi incumbida, mas espelha também o entusiasmo sobre esta edição do CINANIMA.

Há quanto tempo e de que forma surgiu a sua aproximação ao cinema de animação?

O meu percurso na área do Cinema de Animação começou em 2007 num gesto de curiosidade e experimentação ao inscrever-me no Centro de Imagem e Técnicas Narrativas da Fundação Calouste Gulbenkian, o que acabou por se transformar numa relação que dura até aos dias de hoje.

Que análise faz sobre a evolução do cinema de animação nos últimos anos?

O Cinema de Animação teve de enfrentar momentos bastante complicados, que estarão seguramente na memória de muitos de nós. Apesar destes contextos difíceis o Cinema de Animação Português tem vindo a desenvolver-se e têm sido criadas condições para que possam existir cada vez mais autores nesta área. Devido também ao facto de que temos ainda, através do financiamento à Cultura, a possibilidade de independência criativa, a Animação Portuguesa tem vindo a desenvolver características próprias que têm vindo a ser sucessivamente reconhecidas internacionalmente. Será de notar, no entanto, que muitos filmes de animação são ainda feitos graças ao investimento pessoal das suas equipas que estão submetidas a condições de precariedade. Há, portanto, muito por fazer ainda no que diz respeito ao desenvolvimento de condições que possam garantir que esta independência na criação possa continuar, na área da formação e na melhoria das nossas condições de trabalho.

O que sente em relação ao CINANIMA e em fazer parte do painel de jurados?

O CINANIMA é um dos festivais que em Portugal mais tem contribuído para o desenvolvimento do Cinema de Animação através da sua divulgação. Ser jurado é obviamente uma posição difícil e de uma enorme responsabilidade, mas é também uma oportunidade dada a reputação deste Festival, de ter acesso a novas tendências e a gestos que arriscam – mas que não conseguem ainda chegar ao seu termo, podendo assim ter uma visão mais geral daquilo que está a ser feito e do que está ainda a começar a nascer.

Quais são as suas expetativas para a edição deste ano?

A minha expetativa é a de que tenhamos acesso a filmes desafiantes e de grande qualidade e de que sejam também criados momentos de convergência entre os vários membros do sector, permitindo assim continuar a criar condições para que o Cinema de Animação tenha o reconhecimento e as condições necessárias para continuar a desenvolver-se.


DAVID SILVA

“Sou muito agradecido ao CINANIMA. É uma honra enorme estar cá como membro do Júri de Seleção”

David Silva é licenciado em Design de Animação e Multimédia, pelo Instituto Politécnico de Portalegre e, desde então, trabalha em projetos relacionados com animação, design e ilustração. Mostra-se “muito feliz” por ver uma evolução crescente e notória do cinema de animação a nível nacional e internacional. O CINANIMA foi o primeiro Festival que teve a oportunidade de visitar, o que contribuiu para o enriquecimento da sua “bagagem”. Desde então, a vontade de “fazer mais” foi crescendo e, hoje, sente um “orgulho enorme” em fazer parte do Júri de Seleção. Para a edição deste ano do CINANIMA, as suas expetativas “são enormes”, uma vez que a animação “está cada vez mais rica e diversa”.

Há quanto tempo e de que forma surgiu a sua aproximação ao cinema de animação?

A primeira vez que tive contacto com cinema de animação foi no Secundário, em 2008, enquanto estudava Artes. Tivemos que fazer um exercício básico só com alguns frames e foi aí que ganhei uma admiração pela animação. De seguida, fiz o meu projeto de 12º ano em animação e fui estudar para Portalegre em Design de Animação e Multimédia, onde aprofundei bem mais os meus conhecimentos de animação.

Que análise faz sobre a evolução do cinema de animação nos últimos anos?

Sinceramente, fico muito feliz por ver que o cinema de animação está em crescimento, com cada vez mais notoriedade – não só a nível nacional, como internacional. Além disso, começamos a ter um maior apoio das escolas e universidades, não só com mais material de apoio, mas também com a criação de mais cursos e workshops. Claro que ainda há um caminho enorme na divulgação do cinema de animação em Portugal, mas com festivais como o CINANIMA acredito que teremos cada vez mais pessoas a seguir pelo caminho da animação.

O que sente em relação ao CINANIMA e em fazer parte do painel de jurados?

Para mim é um orgulho enorme, visto que o CINANIMA foi o primeiro Festival a que tive oportunidade de ir, em 2012, e que me fez sair cheio de vontade de fazer mais e com uma bagagem enorme depois de uma semana de curtas e longas de animação. Além de que, ao longo dos últimos 10 anos, ajudou-me a conhecer pessoas magníficas e ter experiências que me marcaram muito. Sou muito agradecido ao CINANIMA e por isso é uma honra enorme estar cá como membro do Júri de Seleção.

Quais são as suas expetativas para a edição deste ano?

As minhas expetativas são enormes, visto que a animação está cada vez mais rica e diversa. Apesar de no ano passado já termos voltado da pandemia, este ano penso que teremos ainda mais público com vontade de ver animação e trocar experiências.


MARGARIDA MADEIRA

“Todos os anos se nota uma reinvenção. É sempre diferente e sempre bom”

O seu gosto pelo cinema de animação parte da aquisição de outros prazeres: chá e biscoitos. Foi numa aventura académica, através do programa Erasmus, no seu segundo ano de faculdade, que descobriu os segredos da animação, a história do cinema, entre outros aspetos. Essa descoberta constituiu aquilo a que Margarida Madeira se queria dedicar: o Cinema de Animação. Considera que a sua evolução é cíclica – como em todas as formas de Arte – e que a fusão entre tradição e inovação de técnicas se traduz em “resultados positivos”. O CINANIMA também lhe é especial: foi o primeiro festival de Animação que conheceu e também o que lhe premiou o seu primeiro filme. Além disso, é o primeiro em que faz parte de um painel de Júri.

Há quanto tempo e de que forma surgiu a sua aproximação ao cinema de animação?

Como gostar de desenhos animados não conta, acho que comecei a interessar-me mais por cinema de animação no segundo ano da faculdade, quando fiz Erasmus na Polónia. Inscrevi-me numa cadeira de Animação desconhecendo que o professor era um dos mais importantes animadores polacos (Jerzy Kucia). As aulas eram de um intenso fixe que ia desde aprender os princípios da animação e aplicá-los em exercícios na mesa de luz, a conhecer algumas das obras mais importantes da história do cinema, enquanto bebíamos chá e comíamos biscoitos. Foi durante esse semestre que percebi que era aquilo a que me queria dedicar (a parte do chá e dos biscoitos também).

Que análise faz sobre a evolução do cinema de animação nos últimos anos?

Como todas as formas de arte, o cinema de animação é cíclico. A evolução da técnica vai primeiro e o conceito alcança-a depois. Nos últimos anos, acho que estamos naquele lugar em que há a conjugação de novas técnicas com as mais tradicionais e uma exploração concetual muito interessante. Essa conjugação só pode ter resultados positivos.

O que sente em relação ao CINANIMA e em fazer parte do painel de jurados?

O CINANIMA foi o primeiro em tudo. O primeiro Festival de Animação que conheci, o primeiro que, alguns anos depois, premiou o meu primeiro filme. Também foi o primeiro em que fiz parte do painel dos jurados, portanto, acho que está tudo dito!

Quais são as suas expetativas para a edição deste ano?

Ainda tenho muitos filmes para ver… Mas, considerando os que já assisti, penso que vai ser uma tarefa difícil esta de fazer uma seleção. Dizer que vai ser um festival melhor que o dos outros anos, não me parece justo. A piada disto é que todos os anos se nota uma reinvenção. É sempre diferente e sempre bom.