DestaquesNotíciasOutros

Conheça o Júri de Seleção de Longas Metragens

E terminamos com o Júri de Seleção das Longas Metragens!
Antero Monteiro, Johnny Marques e Matos Barbosa são os elementos que compõem esta categoria. Para conhecer melhor o nosso Júri de Seleção, leia a “última ronda” destas entrevistas.

ANTERO MONTEIRO

“A minha participação como jurado é uma forma de manter esta relação viva e frutífera”

Desde tenra idade que é apaixonado pelas áreas do audiovisual e multimédia. O seu primeiro contacto com o CINANIMA acontece no início dos anos 90 – com as sessões escolares. Foi colaborador no Festival entre 2015 e 2019 e, embora esta relação tenha sido estreitada na última década, considera que ser membro integrante do Júri de Seleção “é uma forma de manter essa relação afetiva viva e frutífera”. Para a edição deste ano, espera que o CINANIMA continue a firmar-se como um “certame relevante no palco da animação nacional e internacional, com uma seleção criteriosa e diversificada de filmes para todos os gostos e públicos” e sem esquecer a “formação cinéfila de novos públicos e uma maior envolvência com o meio local”.

Há quanto tempo e de que forma surgiu a sua aproximação ao cinema de animação?

A minha aproximação ao cinema de animação fez-se da forma mais comum a qualquer um nascido na década de oitenta: desenhos animados na televisão nas manhãs dos fins de semana e animações de Hollywood (maioritariamente da Disney). Contudo, lembro-me vividamente das sessões escolares do CINANIMA no início dos anos 90, no Cine-Teatro São Pedro ou no Salão Paroquial, onde tive o primeiro contacto com as curtas-metragens de stop-motion da Aardman. Por isso, é uma ligação que já vem de longe, embora seja mais afetiva do que profissional, uma vez que não trabalho na área (e os meus dotes como desenhista sempre foram para esquecer).

Que análise faz sobre a evolução do cinema de animação nos últimos anos?

No panorama mundial ou especificamente no “mercado” português? Se for o segundo, creio que não podemos dissociar o crescimento do cinema de animação de eventos fulcrais como o 25 de abril. Isso permitiu uma maior abertura social e efervescência cultural, bem como a abertura de Portugal ao espaço europeu, às reformas no ensino que permitiram uma maior integração de disciplinas como artes gráficas, visuais, plásticas, etc. nos currículos académicos, sem esquecer o acesso ao Ensino Superior de uma maior fatia da população. De modo geral, é essencial salientar os avanços técnicos na área da animação, com forte impulso do digital, que permitiu uma maior massificação das ferramentas de produção e, graças à evolução da Internet, um alcance muito maior (pelo menos em potencial) em termos de público, tal como uma distribuição mais facilitada e com redução de custos significativos. A evolução da animação também passa muito pela multiplicação de festivais (seja de animação ou não) no país e no mundo já que, muitas vezes, acaba por ser dos poucos acessos à cultura fílmica que a população tem. Isso possibilita uma exposição a obras que, de outra forma, não chegariam a esses públicos, e firma-se como uma alternativa aos canais tradicionais e ao circuito comercial.

O que sente em relação ao CINANIMA e em fazer parte do painel de jurados?

Tal como já referido, a minha relação com o CINANIMA já vem de longe, embora tenha sido estreitada nos últimos dez anos. Como costumo dizer, já estive em quase todos os “lados da barricada” em relação ao Festival: já fui mero espectador, já fui colaborador, depois técnico do Festival e da Cooperativa Nascente, mais tarde como jurado e membro da equipa de organização do CINANIMA. Apesar da disponibilidade não ser a ideal, tendo em conta todo o trabalho a desenvolver, a minha participação como jurado é uma forma de manter essa relação afetiva viva e frutífera.

E quais são as expetativas para a edição deste ano?

As minhas expetativas para a edição deste ano é que o CINANIMA continue a firmar-se como um certame relevante no palco da animação nacional e internacional, com uma seleção criteriosa e diversificada de filmes para todos os gostos e públicos, sem esquecer a formação cinéfila de novos públicos e uma maior envolvência com o meio local. Obviamente que não podemos descurar as contingências de recursos, nomeadamente financeiros, que afligem os eventos culturais na sua generalidade e que foram agravados pelo contexto pandémico em que vivemos. Mas creio que todas as condições estão reunidas para que o CINANIMA seja motivo de orgulho para todos os envolvidos e para quem o visita.


MANUEL MATOS BARBOSA

“O CINANIMA diz-me muito. Sinto que é como uma segunda casa”

Manuel Matos Barbosa frequenta o CINANIMA há mais de 40 anos. É um nome sonante do Cinema de Animação e a sua aproximação a essa arte começou quando ainda era criança e via desenhos-animados. Comprou uma máquina de filmar para “fazer experiências”. Desde então, um vasto, premiado e reconhecido percurso tem sido traçado. Considera que evolução do Cinema de Animação – em Portugal e no Mundo – tem sido positivo. Em parte, atribui “culpas” dessa evolução ao CINANIMA. “É um sentimento de culpa muito agradável” – diz. Matos Barbosa não esconde o seu apreço por este Festival: é como se fosse a sua segunda casa. Mostra-se convicto que a edição deste ano será uma verdadeira recuperação do abalo que a pandemia provocou e espera que o Festival volte a espelhar o prestígio que lhe é característico.

Há quanto tempo e de que forma surgiu a sua aproximação ao cinema de animação?

Surgiu há uns largos anos. Já nos meus tempos de criança gostava de ver desenhos-animados e chegou a um ponto em que decidi comprar uma máquina de filmar. Comecei a fazer experiências, não é? Essas experiências resultaram em filmes e esses filmes tiveram o incentivo de alguns prémios que apareceram pelo caminho. Isso levou a que cerca de meia dúzia de filmes tivessem um certo sucesso e deu-me ânimo para continuar. Depois a minha ida ao CINANIMA, no primeiro ano, foi um despertar de um caminho. Não tanto pela realização de filmes, mas pelo interesse em conhecer coisas que desconhecia em absoluto. Esse desconhecimento decorre de duas razões: dos filmes que não passavam porque havia um público muito pequeno no país, e porque a censura não permitia a exibição de certos filmes. Ora, Espinho abriu um caminho enorme nessa altura. Depois tive a sorte de ser convidado para fazer parte do Júri de Seleção ou dos finais do CINANIMA. Está a ver onde é que eu cheguei rapidamente? [risos] Isso abriu-me um campo enorme. Depois nunca mais tive a oportunidade da fazer filmes, porque utilizar Super-8 ou formatos menores, na minha ideia, era um desperdício de tempo. Mas houve uma altura em que fiz uma pequena exposição de desenhos meus no museu cá da minha terra e, uma pessoa do Cine Clube de Avanca, disse-me: “Vamos fazer um filme disto”. E, então, fez-se o filme. A seguir a isso, comecei a mexer-me e já tenho um novo filme quase pronto… E deve nascer outro a seguir. Sabe, eu já devia ter juízo, porque não tenho idade para me meter nisto. [risos]

E que análise faz sobre a evolução do cinema de animação nos últimos anos?

Há o aparecimento de algumas obras em certos países que, durante muitos anos, eram pouco conhecidos. Estou a lembrar-me, por exemplo, do Brasil que hoje tem uma projeção bastante grande. Também o Chile, a Espanha e mesmo Portugal. Cá não havia uma projeção muito grande desses filmes. O desenho animado era mais usado para a publicidade e isso foi algo que se perdeu muito. Era uma fonte inesgotável de trabalhos e experiências.  Mas como dizia, apareceram uma série de países e Portugal tem gente muito boa a fazer cinema. Tenho acompanhado essa evolução enorme e, nós, CINANIMA também somos “culpados”.

O que sente em relação ao CINANIMA e em fazer parte do painel de jurados?

Eu sou suspeito para responder a isso. Já vou ao CINANIMA há 40 e tal anos e isso é um indicativo do meu apreço pelo Festival. Por aquilo que conheço, a nível internacional, houve um pequeno momento em que a Covid-19 deu cabo de muita coisa. Nós também fomos atingidos, mas estou convencido de que estamos numa fase de recuperação. Espinho tem um prestígio internacional que é preciso renovar e aumentar.

E quais são as suas expetativas para a edição deste ano?

Acho que vai aparecer muita coisa nova e boa. Espero, principalmente de Portugal, que apareça muito cinema novo. Há muita gente nova a trabalhar e que, normalmente, vêm a Espinho. Há pouco tempo estive num encontro de cineclubes e toda a gente falava do CINANIMA. Sou suspeito pelo que digo, mas o CINANIMA diz-me muito. Sinto que é como uma segunda casa. Tenho muitas lembranças de grande gente que passou por aí e que me preenchem. Espero que este interregno que houve pela pandemia faça reanimar o CINANIMA, para que volte, rapidamente, àqueles sítios altos e de prestígio reconhecido em todo o lado.


JOHNNY MARQUES

“Espero que o festival siga a tradição de mostrar o melhor da animação mundial”

Johnny Marques, que colabora com o CINANIMA há quase uma década, lembra o seu primeiro contacto com o cinema de animação, quando o Festival ainda se realizava no Cineteatro São Pedro. Diz que o cinema de animação “tem ganho cada vez mais força” em consonância com a diversidade de temas e expansão de perspetivas. O jurado diz ainda sentir “uma grande honra” em fazer parte do Júri de Seleção. As expetativas de Johnny para a edição deste ano prendem-se com a tradição do CINANIMA: “mostrar o melhor da animação mundial em todas as inúmeras expressões e possibilidades”.

Há quanto tempo e de que forma surgiu a sua aproximação ao cinema de animação?
Naturalmente, isso aconteceu devido ao CINANIMA. Nos tempos em que o Festival ainda era realizado no Cineteatro São Pedro, lembro de ser mais um jovem a descer animadamente as ruas da cidade junto da sua turma, rumo a uma sessão imprevisível e fascinante de cinema.

Que análise faz sobre a evolução do cinema de animação nos últimos anos?
Felizmente, o cinema de animação tem ganho cada vez mais força, ao mesmo tempo que a diversidade de temas e perspetivas continua a expandir-se. E é com muito agrado que noto o grande ‘boom’ da animação portuguesa por que estamos a passar, graças aos esforços notáveis de uma nova e talentosa geração, das produtoras nacionais e dos inúmeros pioneiros que ajudaram a criar as fundações do presente.

O que sente em relação ao CINANIMA e em fazer parte do painel de jurados?
É sempre uma grande honra poder fazer parte desta equipa e ajudar a dar vida à edição deste ano.

Quais são as suas expetativas para a edição deste ano?
Espero que o Festival siga a sua tradição de mostrar o melhor da animação mundial – em todas as suas inúmeras expressões e possibilidades, que nos dê a conhecer obras de génio, que revele novos talentos, que abra horizontes e que continue a merecer a confiança do público que todos os anos nos honra com a sua presença.